terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Andando por aí ...pela cidade.


Saio pela cidade que me espera
Encontro-me nas ruas que escolhi
Não há distancias. Há palavras. Há sorrisos
E amigos...
Há a esperança de encontrar o que perdi.
Sento-me num banco solitário.
Chegaram
As lembranças...
E encurtaram-se as distancias.
E voltaram as palavras. Os sorrisos
E os amigos... E,
Vou por aí pela cidade
Sentindo a leveza dos passos na calçada
Seguindo a chama acesa que me guia...
E, é esta a minha estrada.

BF
(foto da menina)

sábado, 20 de dezembro de 2008

Num dia de Dezembro

Os dias passaram
Depois, foram meses e já anos a passar
...por mim.
Foi num dia igual ao de hoje, marcado no calendário.
Trago comigo as memórias do que fomos nessa tarde.
Do encontro tantas e tantas vezes vivido...
O desejo que me iluminava o olha,
E, o rio de amor à nossa espera.
Eras o meu barco parado no cais...aguardando por mim.
Foste o ponto de embarque...
Soltaste as amarras
E eu continuei
Viajante solitária por esse rio
De uma só corrente...
A minha.
E neste barco à deriva de sentires,
Hoje... num outro dia igual,
A tantos outros que já passaram,
Continuas a ser a corrente que me faz balançar
... Continuas a ser o meu mar...
A foz onde acabo sempre por desaguar.

BF

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Porque tenho fases musicais...

Quero o silêncio do arco íris
Quero a alquimia das estações
Quero as vogais todas abertas
Quero ver partir os barcos
Prenhes de interrogações
Amo o teu riso prateado
Como se a lua fosse tua
Vou pendurar-me nos teus laços
Vou rasgar o teu vestido
Eu quero ver-te nua
Vivemos no tempo dos assassinos
Tempo de todos os hinos
Ouvimos dobrar os sinos
Quem mais jura
É quem mais mente
Vou arquitectar destinos
Sou praticamente demente...
Eu quero ver-te alucinado
Eu quero ver-te sem sentido
Sem passado e sem memória
Quero-te aqui no presente
Eternamente colorido
Porque abomino o trabalho
Se eu trabalhasse estava em greve
Se isto não te disser tudo
Arranja-me um momento mudo
O menos possível breve
Vivemos o tempo dos assassinos
Tempo de todos os hinos
Ouvimos dobrar os sinos
Quem mais jura é quem mais mente
Vou arquitectar destinos
Sou praticamente demente...
Amo o teu riso prateado
Como se o Sol só fosse teu
Vou pendurar-me no teu laço
Amachucar-te essa camisa
Como se tu fosses eu
Como se tu fosses eu
Como se tu fosses eu

Jorge palma
(foto da menina)

domingo, 23 de novembro de 2008

Então é Natal


“Adoro este espírito de natal”.
Esta frase foi-me dita, ontem, pela minha filhota envolvidas que estávamos no espectáculo de inauguração da árvore de natal Zon no Alto do Parque Eduardo VII.
Também eu sempre gostei do espírito de natal. Só que cada vez mais o natal começa a ser uma época de lembranças. Recordações de outros natais vividos.
Faltam-me tantas pessoas...
Essas que me ensinaram o verdadeiro sentido do espírito de natal. Natais mais pobres de presentes mas tão cheios de carinho. Em que o amor era expresso no olhar e não no valor por debaixo do embrulho com um grande laçarote.
Quando criança encontrar umas guloseimas dentro do sapatinho, que deixava junto à lareira, era uma verdadeira festa. Sabia que não poderia ter mais que isso. Mas no fundo tinha tanto tanto...
Tinha os alicerces ao meu lado. Aqueles que hoje me faltam.
Mas porque tenho que passar esses valores, esse espírito de natal para a minha papoilinha, vou olhar para o alto, mandar-lhes um sorriso e continuar com um brilho no olhar.
Já cheira a Natal.

BF

domingo, 16 de novembro de 2008

Nada mais que palavras...

Da próxima vez…

Planifica os sentires para que não ultrapasses etapas;

Há palavras sagradas que não devem ser ditas em vão;

Cola os sentimentos que te rasgaram e guardaste na gaveta,

Antes de chegares.

Do outro lado está um coração igual ao teu.

Ainda com restos de cola em seu redor,

De tanto se tentar consertar…

Quando sonhares

Tenta perceber se mais alguém está a sonhar,

Contigo, no mesmo espaço temporal.

Para que... nunca acorde num sonho findo.

É que mesmo ficando com mais lascas espalhadas,

Há quem acredite…ainda,

Que vale mesmo a pena sonhar!

BF
(foto da menina. Campainhas, apertando a extremidade dá para fazer estalinhos na cabeça de quem está perto. Uma das minhas brincadeiras de infância)

domingo, 9 de novembro de 2008

A NEVE /Serra da Estrela

No dia 2 de Novembro a Serra da Estrela estava assim................. Branca e leve, branca e fria...



Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...

É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.

Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909

domingo, 2 de novembro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Esta Cidade - Jorge Palma




Grandes Musicos tanto os Xutos como o Jorge Palma

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Brincando aos poemas



Hoje resolvi escrever um poema
De perna para o ar
Com as palavras que ficaram por dizer
E outras tantas que ainda irão chegar...
Um poema de saudade
Ou de simples solidão
Um poema mariposa
Que voe de mão em mão...
E, se na tua poisar
Não o lances logo ao vento
Deixa que ele te toque
De leve no pensamento.

BF

sábado, 27 de setembro de 2008

Rocha do Norte, Sou

Hoje mostro-vos o porquê de num post mais abaixo me ter intitulado “rocha do norte”. Rumei às minhas origens. Aquela terra em que as rochas abundam e nos árduos caminhos nos tornamos mais e mais fortes.
Foi este ar que primeiro alagou meus pulmões ao nascer …
Sou e serei sempre Rocha do Norte que gosta de girassóis e de papoilas e que meteu na cabeça que tem de rumar a sul…
Nessa dureza, nessa força que me embebe o ser, busco a coragem de continuar a sentir… a viver e a amar assim.

Lapa, património natural e geológico protegido
Muitas vezes na infância me abriguei das chuvadas em baixo da sua aba protectora quando caminhava para a quinta dos meus tios
Vista de uma parte da minha aldeia com a estação dos caminhos de ferro ao fundo
A Forca, outrora um instrumento de justiça....ou talvez não!
Celorico da Beira ao longe... a sede do concelho.

Necrópole de S. Gens..... Corria uma lenda de que, quem conseguisse deitar o rochedo ao chão, encontraria um tesouro... até à data o bonito rochedo continua em pé junto às inumeras sepulturas cavadas nas rochas.

Bem quem quiser saber um pouquinho mais da história desta aldeia serrana pode ir ao Forno Telheiro.... a minha aldeia.

BF

fotos tiradas por mim e pela papoilinha (daí a qualidade não ser grande coisas)

sábado, 20 de setembro de 2008

Simples desejo...nada mais

Quero escrever um poema
Em que as palavras sejam o teu olhar
Dos teus braços faria rimas
… Estrofes do meu corpo
E, na tua boca ….
O sentido do verbo Amar
BF

domingo, 14 de setembro de 2008

Justiça Para Flávia


Em Janeiro de 1998 eu estava felicíssima porque a minha filhota tinha 5 mesinhos e eu tinha acabado de realizar o sonho de ser mãe.

Do Outro lado do Atlântico, no Brasil na mesma altura, Janeiro de 1998, uma outra mãe, Odele de Souza, vivia a tragédia que lhe mudaria por completo a vida. A sua filhota Flávia, de 10 aninhos, sofria um acidente num ralo da piscina do condomínio onde morava. Flávia encontra-se hoje com 20 anos e há 10 anos que está em coma vigil.

Odele é uma Mulher de coragem, que muito tem lutado, ao longo destes 10 anos contra a lentidão da justiça e alertando o mundo para que acidentes destes não mais aconteçam por descura humana (de construtores, fabricantes, fiscalizadores..etc…etc), toda a história da Flávia e a luta de Odele pode ser acompanhada através do seu Blog Flávia Vivendo Em Coma.....

Hoje, como mãe, e acima de tudo como ser humano, quero dar o meu contributo neste abraço colectivo de solidariedade para com a Flávia e sua mãe Odele
Espreitem o vídeo...vale a pena


sábado, 6 de setembro de 2008

Tanto de mim

Embriaguez

Na noite feiticeira

Ansiava teu corpo

Sabia que te teria assim…

Carnal agonia de querer

Arder no fogo

Aceso dos olhares

Sensitivos na pele

Matar os desejos

Secretos

De tantos outros quereres…
BF
@
Imagem de Ana Rita Vaz - Olhares.com

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Correntes de vida



Água pura
Ou verde campo
Agreste vento
Sou
E se tu achas que
a corrente me levou
Sente agora a força com que florescem as margens
Desse
rio vivo
Transformado em leito
Pela força do muito querer...
Amanhã,
O mesmo agreste vento
Que penetrava a
alma
Refrescará as pétalas de vida
Resplandecentes,
Sementes
germinadas,
Neste campo em que quero
Continuar a sentir…
florir.

BF
Foto de minha autoria 

sábado, 2 de agosto de 2008

Rumo a Sul...



Porque o meu amor pelo Alentejo tem aumentado ao longo dos tempos…
E como alguém me dizia em jeito de repreenda há uns dias atrás:

“- Se este país é um rectângulo e tu estás a meio, porque raio é que teimas em rumar sempre para Sul?!”






Pois..............
Porque não sei responder.


Ou talvez saiba e não o queira fazer!
Até porque eu sou
mais rocha do Norte...
Inverno frio que se entranhou na pele,
ruga que fica…
passando de geração em geração,
de gente perdida,

esquecida num canto agreste do monte...


Procuro no meu rumo a sul amplitude
Do espaço e, tanto... tanto mais que não posso dizer!


Hoje respirei o ar quente do sul e senti-me em casa.


Hoje, mais uma vez, pensei muito em ti.



BF

domingo, 20 de julho de 2008

Entrei em descanso.....

Em descanso das palavras ...

...mas não de sentires e de emoções...

Ausente de vós e de mim por algum tempo.

Logo, logo voltarei ....

BF

Imagem de João Carlos

sábado, 12 de julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Estados de alma...




O frio a bater… lá fora
Perdida,
Caída a noite .. será inverno?
Que escuro!
São sombras da vida que passa

Pelas pedras calcorreadas
Já gastas de tanto passar.
Procuro a luz...
Numa fresta de janela,

Um raio ou um reflexo,
Um pequeno cintilar.
Está escuro lá fora!
E cá dentro… muito frio…
Sem uma luz a brilhar!

BF

Palavras e imagem da minha autoria 

domingo, 6 de julho de 2008

Ardia...


“… Sentia as suas mãos nas costas da minha camisa, a puxarem-me: a força dos seus dedos a espetarem-se: garras cravadas na terra. Levantava-lhe mais o vestido e as minhas mãos seguravam-lhe a cintura, como se a sua pele fosse um incêndio, como se a sua pele fosse um incêndio, como se a sua pele fosse um incêndio. Ardia. Deixávamos de respirar ao mesmo tempo quando, num estante que talvez fosse eterno, que era eterno, entrava dentro dela. Então o peso do meu corpo apertava-se de encontro ao seu corpo. Eu a segurá-la no interior dos meus braços, debaixo de mim, e eu dentro dela, e ela, por dentro, a ser um incêndio, a ser um incêndio, a ser um incêndio. Ardia.”

Cemitério de Pianos
José Luís Peixoto
::::::::::
Deixo-me influenciar muito pelas palavras…e, tento, sempre, alargar horizontes com todas as pessoas que cruzam o meu caminho. Assim, de tanto ouvir elogiar o livro "Cemitério de Pianos", de José Luís Peixoto fiquei desejosa de o ler. Ler não… neste momento estou a relê-lo. É que na primeira leitura que fiz, e talvez por não estar habituada à escrita de Peixoto, baralhei um pouco os narradores e as suas histórias de vida solitária que se cruzam numa catadupa de sentires...
Bem… toda esta conversa para justificar a transcrição desta passagem que achei divina.
BF


quinta-feira, 19 de junho de 2008

Quem disse?


Quem disse que esta ausência te devia?
Quem pensou que esta denúncia se enganava?
Que um dia era pior que outro dia
Que à noite era melhor porque sonhava?
Quem disse que esta dor te pertencia?
Quem pensou que este amor me perturbava?
Que o longe era mais perto se fugias?
Que o dentro era mais longe porque estavas?
Quem disse que este ardor te evidência?
Quem pensou que esta pena me cansava?
Que calar era pior se te despia?
Que gritar era pior se te largava?
Quem disse que esta paixão me curaria?
Quem pensou que esta loucura me passava?
Que deixar-te era paz porque corria?
Que querer-te era mau porque te amava?
Quem disse que esta paixão te espantaria?
Quem pensou que esta saudade me rasgava?
Que tudo era diferente se te via?
Que o pior era saber que aqui não estavas?
Quem disse que esta ternura te devia?
Quem pensou que este saber se enganava?
Neste langor crescente que crescia?
Neste entender de nós que cintilava?
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Maria Teresa Horta
imagem de Raul Alexandre retirada de olhares.com

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Malvas Rosa....




Porque a ausência é palavra que me incendeia o querer... a saudade aumenta assim como o desejo de ter aqui. Assim, vou memorizando nos olhares as palavras com eles trocadas. Serei por certo uma pequena palavra nesse teu mar de letras ou, será que sou, a erva daninha que teima danificar o teu jardim?! Porque agora a distancia é tão física, e no entanto, nunca te senti tão junto de mim. Esta ausência é serena, não dói pois sei que estamos juntos em pensamento. Como erva daninha quero crescer entre as malvas rosa. Será que conheces as malvas rosa?! São flores altivas de um mesmo tronco, no entanto tão singelas na sua beleza, assim como as palavras são parte de ti. És o meu tronco de malva rosa. Aroma que respiro. Navego, ou será que voo, pelo teu mundo de palavras? Te absorvo mais e mais… Querer beber-te na essência. Conheço os teus escritores e algumas das tuas músicas, poetas e neles te revisito em ti. No entanto, não sei das tuas flores… do teu jardim! Gostas de malvas rosa?
E, como resposta te digo que não, não me perdeste… achaste-me na falta que me fazes. Na importância pelo tempo que me dedicas mesmo não sendo a tua rosa.
Esta ausência tem final previsto… estás quase a chegar. Já te sinto aqui. És o meu momento presente.
BF

sábado, 7 de junho de 2008

Estou em mudanças :)



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões
Imagem retirada de imagens google

domingo, 1 de junho de 2008

Com dedicatória... porque....a tua ausência dói-me...


Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
Ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
Magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
Por isso, de deixar alguns sinais - um peso
Nos olhos, no lugar da tua imagem, e
Um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
Tivessem roubado o tacto. São estas as formas
Do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
As coisas simples também podem ser complicadas,
Quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a
Realidade aproxima-me de ti, agora que
Os dias correm mais depressa, e as palavras
Ficam presas numa refracção de instantes,
Quando a tua voz me chama de dentro de
Mim - e me faz responder-te uma coisa simples,
Como dizer que a tua ausência me dói.
Nuno Júdice

domingo, 25 de maio de 2008

Espraiar sentires....

No espraiar dos sentidos te vou encontrando

E te perco na fúria das marés

Atraído pelo feitiço da lua

Tu vais

E... apenas estendo um braço

Querer te agarrar e não ser capaz

Aumentou a distancia

Hoje estás para lá de mim…


BF
Imagem de António de Bastos retirada de olhares.com

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Porque me apetece Pedro Tamen


Só me separa intenso do que foge
pelo meio dos fumos e das micas
a bala que me apontes e se aloje
onde resido eu, e tu te ficas:

nesse lugar de goma almiscarada,
e mascarada (que não é possível
de modo outro ser-se), tu, a fada
de cor e pele e carne mais doível,

ergues as mãos de lacre no que sou
e tocas essa vara, vime e lenho,
no que passar, ou passe, ou já passou

_ e assim é que me perco e que me ganho,
pois que por ti tudo o que tenho dou,
pois que de ti o que te dou retenho.

Pedro Tamen

(foto a caminho do sul - BF)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Estranho amar


Estranhos sentires
Por ângulos distorcidos da vida
Imagem projectada de um outro viver
Passagem interrompida na margem
Solitária do rio…
Estranho viver
Neste vaivém constante de quereres
Estar mais perto de mim e de ti tão longe
Distâncias gravadas na ausência do olhar
Perdido na espera…
Estranho amar
Esta chama que consome a alma
Na fogueira da paixão por viver
Acendalha esquecida nas cinzas
Desalento… frio
… Estranho amar!

BF

Imagem de Paulo Branquinho retirada de Olhares.com

terça-feira, 13 de maio de 2008

Parabéns ao Campo.......

Faz hoje um ano que, com a ajuda do Angel, comecei a semear este campo.

Um ano cheio de sentimentos por aqui partilhados…
Onde nem sempre a assiduidade é a regra.
Nem sempre a vontade de escrever ou ler os amigos que por aqui encontrei são diárias.
Vou navegando por mim, e por vós, ao sabor da minha própria maré, com a certeza de que sempre que os visito é porque é mesmo isso que me apetece. Sem obrigações nem visitas de cortesia. Agradeço os frutos que tenho colhido dos campos por onde passeio. Cada qual à sua maneira me ensina… me faz pensar.

E, como diz o António Castro na

"Minha Voz de Vento"

Eu sei que não quero tópicos
Limites às minhas ideias
Parágrafos-guias
Ou conclusões.
Nos meu sonhos de escrita
Próprias palavras
Não me amarrem nas minhas
No meu individualismo!
Guardem as vossas regras de escrita
Para vocês…
Pois nunca escreveram.
Escrever não se ensina
Dá-se.
Escrever é paciência
Estimulante
Que não limita!
É gostar para fazer gostar
É motivar, entender e ajudar!
Não aceito as vossas regras
Que vos aprisionam
Nos vossos próprios limites!
Não quero silêncios de Sombra
Na minha voz de vento
Rápida e forte!

(António Castro)
Imagem de José Luís Mendes, retirada de 1000imagens.com

sábado, 3 de maio de 2008

Mãe/Mulher coragem

Porque se comemora o dia da mãe...
Porque já não tenho a minha mãe comigo e ela foi ao longo da sua vida uma verdadeira mãe coragem... porque todas as mulheres são mães coragem em alguma altura da sua vida mesmo que não seja de filhos em si gerados.... Dedico a todas as mulheres mães coragem deste país...
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Ser mulher
É ter algo para dar sem pensar em receber
Sofrer, chorar e não mostrar
A tristeza que seu coração contem…
Ser mulher é ser Mãe
Na coragem do embalar
Um corpinho frágil
Saído de seu ventre
Ou da afectos tornado…
Ser mulher
É amar de
Amante
Mãe
Amiga
Companheira
Ser mulher é sofrer
Esconder a lágrima
Que na face teima em rolar
E num sorriso camuflar
Toda a dor que por vezes sente
Porque ser mulher é ser
Coragem de ir em frente….

BF
Esta foto é o memorial à Mulher Alentejana erigido no Parque da Cidade de Beja.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Quero-te


Quero o beijo que
Disfarças entre as palavras
E guardas de mim
Quero os carinhos
Promessas feitas em versos
Escritos a dois
Quero realizar o sonho
Que permanece cá dentro
Quero ter direito a ver
O brilho do teu olhar
Acordando entre os meus braços
Quero sentir o serenar
De teu corpo cansado sobre o meu
Quando somos um
Quero ser mar revolto
Porto de abrigo
Praia deserta para te encontrares
E no crepúsculo da vida
Quero ser o ar
Que alenta o teu caminhar
Quero ser palavra
Gesto
Toque
Olhar
Quero ser teu cheiro
Quero ser Amar

BF
imagem de António de Bastos retirada de Olhares.com

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Metade ... Osvaldo Montenegro





De alguém que sinto saudades....

terça-feira, 22 de abril de 2008

Dias Felizes

E no dia em que os sinos dobraram
Ecoando cá dentro
Nos unindo numa prece…
Em que as aves voaram para longe
Em demanda de novos horizontes...
E, no correr dos sentidos,
Lembranças de estações passadas
Transformadas em ténues centelhas de esperança
Que guiam as almas cansadas…
E, os sinos que retumbavam nas memórias,
Eram batidas de um coração que vibrava
De amor vivido…
Anunciado aos ventos
No alegre chilrear do bando
Lá longe no horizonte

E nesse dia….Fui Feliz

BF

Imagem retirada de imagens google

terça-feira, 15 de abril de 2008







Mulher
Desnuda de afectos
Perdidos nas ravinas
Talhadas numa vida
Que rola solta
Em derrapagem de sentires
Mágoas passadas
Cicatrizando ao vento
Mulher
De sonhos queimados
Que teimam em renascer
Nas acendalhas de olhares claros
Sinceras palavras
Corações abertos
Mulher
Esperança …

BF


segunda-feira, 10 de março de 2008

Oração


Serei fantasma de mim
Num mundo paralelo…
Não sinto o coração partido
E a alma definhando nas horas vividas
Em espera…
Tranquei desejos na gaveta
Arranquei à força a ilusão do caminho
Nas imagens do passado
Aceito momentos presentes
Na tristeza vislumbro ténues sorrisos
Agradeço momentos de luz
Esperança que corre
Retrocede… ganha fôlego…
Recomeça
Pela vida que corre
Oro

BF

imagem de Nuno Sampaio retirada de Olhares.com

domingo, 2 de março de 2008

Este Povo

Este Povo,

Cansado…

Canta memórias antigas de

Vitórias perdidas no tempo

Longínquo…Heróis esquecidos,

Na esperança da mudança que urge!

Este Povo,

Outrora mantido em silêncio,

Não quer voltar a ser

Palavra escondida …Sublinhada,

Critica camuflada

Esgueirada na noite,

Vergasta que dobra

Boca que cala…

Este Povo,

Quer olhares claros,

Rostos elevados,

Palavras que ecoem ao vento

Por gente sem medo das

Palavras…

Sem medo da gente

… Que lhe passa ao lado!


BF

imagem de Leonardo Araújo retirada de www. flickr.com

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Desafio - 12 Palavras

A Amiga Maria do Blog o Cheiro da Ilha, desafiou-me a escolher 12 palavras importantes ou que nos digam algo de especial e escrever um texto. Mesmo não sendo boa nestas coisas de desafios, escolhi 12 palavras que estão presentes no meu dia-a-dia. Que me definem.

Aqui vai:


Porque não sei viver sem Paixão e no constante Inconformismo com o que de menos bom a vida me dá, vou à Luta, encontro o conforto e alento de que tanto preciso na Família e nos Amigos, por quem movo montanhas.
Desde criança que não suporto Injustiças o que me leva a ficar, sempre, do lado do mais fraco. A Solidão mete-me medo ao mesmo tempo que por ela sou atraída. Gosto de momentos intimistas em que o “eu” está muito presente.
Sou muitas vezes acometida por um sentimento muito pouco nobre, a Vingança. As pessoas que na realidade me conhecem sabem que quem me faz alguma, mais cedo ou mais tarde, vai receber o troco. Piegas… aguento muito melhor a dor psicológica do que a dor física. Tenho pavor da dor.
Filha a minha pérola que constantemente quero proteger, manter na concha para que a vida a não faça rebolar por águas revoltas. Sei que não o conseguirei eternamente mas nunca deixarei de o tentar. Com a Música vivo cada segundo transformando-a no meu bálsamo preferido. Pelo que descrevi devem estar a chegar à conclusão que sou uma Antítese constante...
E sou mesmo!

Quanto ao passar o desafio.... vou deixar ao critério de quem o quiser agarrar.

BF

sábado, 23 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eu


Sou pedra lioz
Entalhada na vida
Sou vento que range
Pelas frestas abertas
Sou árvore que abana
Os seus frágeis ramos
Sou corpo ausente
Fantasma aqui preso
Sou molde de mim
Vendaval constante
Sou escarpa que trepo
Com meus próprios pés
Sou água da chuva
Regando o jardim
Sou volta completa
Metamorfoseando sentires
Neste meu lapidar
Sou pedra lioz
Mulher no Amar

BF


Foto de minha autoria 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Riacho de mim



Neste pulsar de vida
Correndo feita riacho
Ora serena …


Pelos vales da saudade,
Outras vezes cavalgando
Em tormentosas passagens.

Nos sentires desprendidos,
De quem meu leito esculpiu...
Feito escultor de memórias.

No adornar da imagem,
Precisão no martelar...
As marcas do meu caminho,
Profundamente embutidas.

Abandonando na corrente
O desejo partilhado…
Sozinho, escavacando,
Batendo na rocha fria.
Tentando chegar depressa
Aos braços de um outro rio.
Que a acolhe
No leito
Grande… frio… impessoal!

Onde adormece o pulsar,
Onde acalma os sentires,
Onde se esquece de tudo…

Do caminho palmilhado,
Com tuas mãos como guia
Pelo leito do meu corpo...

Esculpiram o prazer
Mestria do teu saber!

BF

Foto da minha autoria 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008


Vou caminhando ao longo da estrada

Sem me desviar da rota traçada.

Nas tentações do desconhecido

Me perco …me encontro

E volto à rota.

Rumo certo, vereda segura.

Por vezes, cansada desta rotina,

Quero fugir… passar os limites,

Extravasar sentimentos...

Renovar sensações...

Tirar a capa.

Que me prende os movimentos

E não me deixa ultrapassar

Esta fronteira traçada

Pela mão do destino.

E vivo assim entre bermas

Que no fundo desejo resvalar

E encontrar a autenticidade

De ser, por uma vez só,

O inverso da regra

O incorrecto desígnio…

Sair da estrada e caminhar à deriva

Refazer o mapa da rota

Em mim traçada.

BF


Imagem de Guilherme Limas retirada de olhares.com

domingo, 20 de janeiro de 2008

Sorrisos

Reescrevi o gostar

que em ti tenho lido

Revi o querer

que em ti tenho amado

Projectei o sofrer

nesta tua espera

Cansada de tudo

quis desistir desta luta

Agarrar-me a sorrisos

em muitas outras bocas

E,

Os Deuses só são imaginação

E os sorrisos que troco são com simples mortais...

Uma parte passou

no passar desta vida

Esperando por ti

como uma perdida

Hoje me encontrei um pouquinho mais

Quero muitos sorrisos de simples mortais.

BF

Imagem retirada de imagens Google

sábado, 5 de janeiro de 2008

Esta muralha que treme...

Como me faz falta a pedra

Derrubada,

Da muralha que era…

Pedra derrubada na tua passagem

Colocando em risco toda a estrutura…

Tentando manter-me erguida,

Esta muralha, que treme,

Observa a colina da vida,

Afasta novos sentires,

Para que nada resvale

E afecte o alicerce...

De mim.

Que quero manter

Forte!

BF

Fotografia de Pedro Moreira - Retirada de Olhares.com