sábado, 17 de dezembro de 2016

Difusas


Difusas
No fuso do tempo em passagens sombrias.
A roca, que lhes tece a meada da vida, embaraçou-lhes os fios do destino.
Este é o novelo que continuam a ter de enrolar!
De fuso partido....
Difuso!
BF


Foto de minha autoria 

domingo, 27 de novembro de 2016

Passagens da natureza


Foi por certo a mais bela rosa daquele pé de roseira. Enquanto botão ansiava desabrochar para a todos inebriar com o seu cheiro e beleza. Uma curta passagem de deslumbramento. Suas pétalas envelheceram, enrugaram. Agora, olha os outros botões a desabrochar com a sabedoria da sua passagem pelo roseiral das ilusões. Só lhe resta deixar cair ao chão as suas pétalas velhas. Talvez, entre as muitas pisadelas de passos apressados, alguém recolha uma das pétalas e a guarde entre as folhas do livro preferido. Assim continuará a ser admirada sempre que este for desfolhado.
BF




Fotos de minha autoria 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

É isto o amor


É Isto o Amor

Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, queme esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste amanhã da minha noite. É verdade que te podiadizer: «Como é mais fácil deixar que as coisasnão mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmosapenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-mea sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,até sermos um apenas no amor que nos une,contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tuavoz que abre as fontes de todos os rios, mesmoesse que mal corria quando por ele passámos,subindo a margem em que descobri o sentidode irmos contra o tempo, para ganhar o tempoque o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,de chegar antes de ti para te ver chegar: coma surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de águafresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:a primavera luminosa da minha expectativa,a mais certa certeza de que gosto de ti, comogostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.


 Nuno Júdice, in 'Pedro, Lembrando Inês'

Foto de minha autoria 

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

A beleza


Primeiro são as cores e só as cores
que te prendem o olhar.
Depois vem o cheiro…
Nasce da terra como simples erva,
abre-se aos olhos do mundo
e morre !
No mesmo pé, que lhe sustenta
a beleza, cai na leveza de um sopro…
O ciclo de todos os seres.
Num ilusório perene….
leve
frágil

breve!

BF 

(foto e palavras de minha autoria) 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Caminhos entrelaçados



Vergas nos dias
nas passadas cruzadas
por caminhos entrelaçados
que os passos sabem de cor
e esperas as horas...
para o regresso cansado
pelos mesmos caminhos
cruzados...
em que entrelaças...passadas!

BF

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Sentires ao sabor do vento



Não me falem de temporais ou do vento que vos dificulta o caminhar pois, o vento, sou eu que o sinto no acariciar das minhas folhas. E quando elas caiem, remoinhando ao seu sabor, são pedaços de mim que se afastam para sempre.

BF


Foto da minha autoria

sexta-feira, 4 de março de 2016

Desde que te conheço



Desde que Te Conheço
Invade-me uma grande calma quando penso em ti. Sinto-me bem, disposto para as mais difíceis tarefas, para os mais complicados e demorados trabalhos.Já não é na turbulência das noites (vividas na pressa) que encontro a vontade de escrever. As noites cansaram-me, ia acabando comigo de vez na desordem e na ânsia de viver. Claro que continuo a sair à noite e a amar esse espaço fantástico que é a cidade. Esta cidade que amo, mas tu estás nela também. a cidade mudou desde o instante em que nela entraste. Já não percorro a noite numa angústia que se esquece e anula na bebedeira, ao nascer do dia. Desde que te conheço tenho levado uma vida bastante regrada. Deixei de beber. deixei de andar por aí a ver se alguém me pega ou se eu pego em alguém. Acabou. Tenho-te e sinto uma felicidade estranha a dominar-me. Trabalho calmamente, com vagar, e avanço sem ser aos tropeções. Leio e releio o que escrevo. Tudo se torna, de texto em texto, mais preciso, mais próximo do que penso. Escrevo somente (como de resto sempre fiz) o que me dá gozo e ao mesmo tempo me perturba. Por isso odeio tanto reler-me. Sinto-me perturbado. O que ficou escrito foge-me, parece já não me pertencer. No entanto, sei que estou ali, por trás de cada texto escrito. Sinto que são ainda parte integrante de mim - raramente me consigo desligar (friamente) do que escrevi, mesmo que o tempo tenha tentado apagar as motivações que me levaram, na altura, a escrever o que ficou escrito.

Al Berto, in "Diários (26 Abril 1991)"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Palmas



Por vezes há que bater palmas ainda que o verdadeiro espectáculo esteja a acontecer fora do palco!
BF 

sábado, 23 de janeiro de 2016

Pérolas da natureza


Lágrimas da natureza neste meu deambular....