quinta-feira, 30 de maio de 2013

Doem-me os silêncios


É este silêncio que me abate  
Qual  grito em vale de escarpas ingremes
Perpetua-se em infinito retumbar
Ferem-me as palavras
Que meus ouvidos não escutam
Rasgam-me as entranhas
As mãos que não me tocam
Abatem-me
Árvore já sem vida
Sou
Dia após dia este silêncio


BF

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Na simplicidade do ser








Hoje apetecem-me coisas pequenas mas que me enchem o olhar 
BF 

sábado, 18 de maio de 2013

Teresa




Vejo-a por ali.
Todos os dias na minha passagem me cruzo com a sua passagem. A vida não é mais que uma breve passagem e, as ruas de Lisboa, são a sua vida.
Passa os olhares por quem os desvia dos seus. O odor que lhe penetra a pele afasta todos os que por ela se cruzam. Restam-lhe os pombos que, como ela, fazem das ruas o seu abrigo.
Hoje queria falar!
Eu fui a personagem que às 8.30h da manhã lhe servia de confidente.
Falou!
Falou do preço do café no Pingo Doce e nas contas de matemática que tinha de fazer. Tudo em escudos. A sua vivência de vida ainda funcionava em escudos. Do tempo em que a vida lhe corria de feição, do trabalho no ministério onde ganhava dois contos de réis. Do juiz que não pagava ao marido, da casa que era dela junto ao Teatro São Carlos, de uma outra na Av. Almirante Reis. Interpelou-me se sabia onde era e foi logo explicando que metade da rua pertencia aos Anjos e a outra metade ao Socorro. Viajou nas memórias para a ilha do Farol num tempo em que fazia ganchos do cabelo durante a noite, enquanto umas raparigas se deitavam com homens por favor e tingiam o cabelo na Albertina em Faro. Entremeou estórias na sua história de vida numa corrente louca de palavras. Hoje precisava falar. Eu ouvi. Chama-se Teresa. Esse foi mais um rasgo das suas lembranças…..ou talvez não!

terça-feira, 14 de maio de 2013

No Meu Poema




No meu poema
Eras oásis
Campo em flor
Seara ao sul
Num mar de amor

No meu poema
Foste guitarra
Por dedilhar
Um canto moço
No desfolhar

No meu poema
Foste reflexo
Sonho e desejo
Passagem breve
Um terno beijo

No meu poema

BF 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Névoa de Vida



Almas presas numa ostentação de vida   
E o sentimento é névoa que  lhes embaraça o voar 
Amanheceres sombrios
Por caminhos desconhecidos
Incerteza de uma nova luz num novo amanhecer
Gritos que ecoam em mente aflitas 
Desespero…mágoa e solidão
Tanto vazio em gentes tão cheias de si!
BF