Todos os dias são de ausência. Sentida. As memórias das
pedras da casa e o aconchego da lareira. Revolvias a sopa dentro da panela de
ferro com a colher de pau que também servia para castigar. O olhar triste pela
batalha diária de por comida na mesa mas, também, o sorriso. Lembro-me sempre
do teu sorriso. Muitas das vezes um tanto matreiro. Olhavas-me e sorrias com os
olhos e um leve gesto de lábios sem precisares de falar pois eu percebia do que
tu sorrias. Quando a tua neta nasceu disseste umas palavras sábias " se
passares com ela um terço do que passei contigo já estás bem arranjada".
Passaste muito comigo. Desculpa. Era rebelde, refilona nos meus impulsos de
criança. Na verdade só uma mãe que ama consegue passar pelo que tu passaste.
Somos sete e estamos todos cá. Cada um com as suas lembranças e momentos
vividos mas todos nós sentimos o teu amor, diferente pelo tempo e pelas
circunstâncias, mas amor! Hoje é só mais um dia de ausência igual a todos os
outros que passam sem ti. A diferença está só na data do calendário que
assinala a tua partida.
Estás sempre presente
nas memórias.
BF
Foto de minha autoria