quinta-feira, 19 de junho de 2008

Quem disse?


Quem disse que esta ausência te devia?
Quem pensou que esta denúncia se enganava?
Que um dia era pior que outro dia
Que à noite era melhor porque sonhava?
Quem disse que esta dor te pertencia?
Quem pensou que este amor me perturbava?
Que o longe era mais perto se fugias?
Que o dentro era mais longe porque estavas?
Quem disse que este ardor te evidência?
Quem pensou que esta pena me cansava?
Que calar era pior se te despia?
Que gritar era pior se te largava?
Quem disse que esta paixão me curaria?
Quem pensou que esta loucura me passava?
Que deixar-te era paz porque corria?
Que querer-te era mau porque te amava?
Quem disse que esta paixão te espantaria?
Quem pensou que esta saudade me rasgava?
Que tudo era diferente se te via?
Que o pior era saber que aqui não estavas?
Quem disse que esta ternura te devia?
Quem pensou que este saber se enganava?
Neste langor crescente que crescia?
Neste entender de nós que cintilava?
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Maria Teresa Horta
imagem de Raul Alexandre retirada de olhares.com

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Malvas Rosa....




Porque a ausência é palavra que me incendeia o querer... a saudade aumenta assim como o desejo de ter aqui. Assim, vou memorizando nos olhares as palavras com eles trocadas. Serei por certo uma pequena palavra nesse teu mar de letras ou, será que sou, a erva daninha que teima danificar o teu jardim?! Porque agora a distancia é tão física, e no entanto, nunca te senti tão junto de mim. Esta ausência é serena, não dói pois sei que estamos juntos em pensamento. Como erva daninha quero crescer entre as malvas rosa. Será que conheces as malvas rosa?! São flores altivas de um mesmo tronco, no entanto tão singelas na sua beleza, assim como as palavras são parte de ti. És o meu tronco de malva rosa. Aroma que respiro. Navego, ou será que voo, pelo teu mundo de palavras? Te absorvo mais e mais… Querer beber-te na essência. Conheço os teus escritores e algumas das tuas músicas, poetas e neles te revisito em ti. No entanto, não sei das tuas flores… do teu jardim! Gostas de malvas rosa?
E, como resposta te digo que não, não me perdeste… achaste-me na falta que me fazes. Na importância pelo tempo que me dedicas mesmo não sendo a tua rosa.
Esta ausência tem final previsto… estás quase a chegar. Já te sinto aqui. És o meu momento presente.
BF

sábado, 7 de junho de 2008

Estou em mudanças :)



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões
Imagem retirada de imagens google

domingo, 1 de junho de 2008

Com dedicatória... porque....a tua ausência dói-me...


Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
Ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
Magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
Por isso, de deixar alguns sinais - um peso
Nos olhos, no lugar da tua imagem, e
Um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
Tivessem roubado o tacto. São estas as formas
Do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
As coisas simples também podem ser complicadas,
Quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a
Realidade aproxima-me de ti, agora que
Os dias correm mais depressa, e as palavras
Ficam presas numa refracção de instantes,
Quando a tua voz me chama de dentro de
Mim - e me faz responder-te uma coisa simples,
Como dizer que a tua ausência me dói.
Nuno Júdice